
O que uma obra de José de Alencar e outra de Jane Austen podem ter em comum? Para mim, Senhora e Orgulho e Preconceito têm tudo. Ambas são ambientadas no final do século XIX, descrevem a sociedade da época — burguesa, esnobe —, ainda que de locais bem diferentes: Rio de Janeiro e Inglaterra.
O núcleo das tramas gira em torno de um casal que passa boa parte da história trocando farpas e se odiando mutuamente. E o dinheiro — o excesso e a falta — acaba sendo o fio que, ao mesmo tempo, separa e une os personagens.
Jane Austen, por ser uma mulher à frente do seu tempo, emprestou à Lizzy Bennet um temperamento atípico para as moças daquele século. Ela é uma heroína ao avesso das mocinhas de outras histórias românticas, pois não vive a suspirar pelo príncipe encantado, não se preocupa com as aparências, é extremamente altruísta, sem falar da língua ferina, que não poupa ninguém, nem mesmo a insuportável, mas megarrespeitada, Lady Catherine.
Já José de Alencar, apesar de ser homem, conseguiu criar uma Aurélia Camargo muito particular em suas características e deu voz a um personagem feminino de uma maneira não muito comum para 1875. Aurélia é teimosa — como Lizzy, independente — idem, voluntariosa — idem, idem (rs), e até inconsequente às vezes (mais idens).
Duas mulheres separadas por um oceano e duas culturas distintas, mas próximas nas atitudes e temperamentos.
Para mim, não existe cena melhor do que o choque de Fernando Seixas ao lhe ser revelada a verdade sobre o seu casamento com Aurélia. Assim como acontece com o irresistível Mr. Darcy, quando Lizzy recusa, na lata, o seu apaixonado pedido de casamento (corajosa ela, não?).
Aliás, muito da qualidade das duas obras se deve aos protagonistas masculinos de ambas: Fernando, charmoso, culto, mas um tanto sem personalidade (embora haja uma boa justificativa para isso — vou defendê-lo - rs); Mr. Darcy. Ah, Mr. Darcy! Prefiro nem comentar. Só digo que ainda está para nascer um "mocinho" como ele na literatura.
Bom, é isso. Dá para gostar de livros clássicos. É só se desarmar e deixar a história fluir. Brasileiros ou não, os clássicos não deixam nada a desejar se comparados com os livros atuais. É claro que tem a questão do vocabulário mais erudito, mas isso um bom persistente tira de letra.
Recomendo a leitura dos dois. E dou cinco estrelinhas para cada.

Li 'Orgulho e Preconceito' no mês passado e esperava mais.
ResponderExcluirTalvez por ter assistido a tantas vezes a versão cinematográfica, a leitura não teve a sensação de 'descoberta'. A cada página virada, já sabia o que aconteceria.
A versão foi muito bem feita, mesmo! Caso raro, nos dias atuais.
Gostei do post. Nunca tinha parado para fazer essa comparação das personagens.
Gladys,
ExcluirEu me surpreendo com a semelhança - mesmo sutil - entre esses dois clássicos, sempre que os leio.
Abração!
Marina Carvalho
www.escritoramarinacarvalho.com
Gostei mtooo da comparação que vc fez das obras, é como se fosse um "releitura" e os pontos destacados são bem interessantes.
ResponderExcluirAmoo clássicos e aprovo suas 5 estrelinhas para cada livro.
Ahhhh e isso num ano em que Orgulho e Preconceito completa seu 200º níver de publicação!
Um clássico contemporâneo em que a gente se (re)descobre fazendo amizade (outra vez) com os personagens e pq não ?? Torcendo!
bjss
Luna, concordo com você. Não dá para ficar indiferente a personagens tão cativantes quanto os desses dois clássicos. Adoro!
ExcluirAbração!
Marina Carvalho
www.escritoramarinacarvalho.com
Nao li nenhum dos dois, mas tenho Senhora e ja assisti ate a metade de OEP.
ResponderExcluirGostei das caracteristicas dos personagens que vc citou e soh n li nenhum dos dois por falta de oportunidades :/ um dia lerei.
Eu não li nenhum dos dois! Tenho um grande pré-conceito com os clássicos e os evito ao máximo!!!
ResponderExcluirGostei muito de saber mais dos dois livros!!!!
Geeente, que texto maravilhoso!!!
ResponderExcluirAdorei as coisas em comum que ela colocou. Eu já li os dois livros e são maravilhosos.
;)
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